o que sentir. Não sei, a sério! É estranho, eu que sempre fui tão certa dos meus sentimentos, do que queria e do que não queria. De repente dou por mim assim meio, como dizer, sem sentimentos de qualquer espécie. E isso assusta-me
e não assustaria qualquer um? sabes? Não vou dizer que a culpa é tua. Não é, claro que não. Além de que eu gosto de ser a única responsável pelos meus actos, palavras e omissões.
Mas todas estas circunstâncias que se abateram sobre a minha vida (minha e não só, infelizmente) tornaram-me uma pessoa mais fria. É triste uma pessoa ficar assim, não é? Mas parece que de repente tudo é indiferente. O tempo, o trabalho, o estar ou não contigo, o meu pai vir ou não a casa no Natal...
Bolas, já há demasiado tempo que estou na minha fase avestruz, e isso não é bom. Não é nada bom...
E não quero esta pessoa em quem me estou a tornar. Fria, quase incapaz de amar. Terei afinal de contas sido eu a causadora daquilo em que nós nos tornámos? Terei que ser sempre eu a conduzir as nossas vidas, melhor, a
nossa vida? Será que aquilo que nos une é fruto daquilo que vai dentro de mim? Não pode ser, ou então simplesmente, e para minha profunda tristeza, we weren't meant to be...
Queria tanto que gostasses de mim outra vez, queria tanto que me ajudasses a ser o que já fui um dia. Mesmo sabendo que há coisas que uma vez perdidas, para sempre perdidas.
Podemos disfarçar. Podemos viajar e tentar esquecer os maus momentos. Podemos ocupar todos os minutos, todos os segundos das nossas vidas com actividades mais ou menos importantes, mas todos os dias vamos dormir. E todos os dias deitamos a cabeça na almofada e invariavelmente, mais cedo ou mais tarde, as recordações voltam.
As recordações e a consciência do que deixámos por fazer, por dizer, por emendar...
A verdade é que a vida passa por nós e há sempre coisas das quais nos arrependemos, mesmo quando nos lembramos de quando éramos crianças e nada nos pesava na consciência...