Este iniciou-se algures no mês de Dezembro de 1989, infelizmente não consigo (agora) precisar o dia. Fomos buscar-te a Benfica e lá estavas tu, pequenina, no meio dos outro. Inevitavelmente, foste tu que me escolheste. É sempre assim, não é? Viemos para casa e tu, pequenina, pequenina, fazias o reconhecimento do teu novo lar, da tua nova família. Nessa noite choraste. E nas seguintes. Mas só ao início da noite, antes de vires aninhar-te aos meus pés. E antes da minha mãe descobrir e "não quero a cadela nos quartos!!!!" Pfff, pois sim.... :)
Contigo aprendi que os cães também têm
personalidade. E a tua era lixada com f grande! Eras um doce, meiga até mais não, mas tinhas aquelas tuas coisas, que só nós, só a nossa família, é capaz de saber sem conseguir traduzir por palavras. Contigo aprendi que os cães têm uma atracção que
já não acho esquisita por coisas como meias e cuecas sujas, pernas de cadeiras e móveis (obrigada por nos fazeres deitar fora aquelas cadeiras horríveis com mais de 20 anos...), caixotes-de-lixo-a-seguir-ao-jantar, borrachas da escola e chupetas de bebé. Contigo aprendi que um cão não é apenas um cão. Contigo aprendi o amor animal por um filho.
Deixaste-nos 13 anos depois e agora, ao escrever este texto, ainda choro.
Mas deixaste-nos a Nikita. Nascida e criada na nossa casa. E parece-me que só depois de ela também ter partido é que noto a importância deste
pequeno pormenor.
É uma dor que passa, sei que sim, já passei por isso. Mas é um membro da família que parte. Não é um pai, não é uma mãe, não é um irmão. É um cão. É parte de nós. É parte do todo. E o todo está incompleto! Desde 2002, mas só agora tomei verdadeira consciência disso.
Porque só agora o ciclo se fechou.
Obrigada minhas queridas. Obrigada por me ajudarem a crescer.